Grupo pendura faixa de supremacia branca e faz saudação nazista em São Paulo
Imagens de um encontro de supremacistas brancos na cidade de São Paulo circulam em aplicativos de mensagens desde o último fim de semana. O grupo se reuniu em um bar próximo da estação Vila Mariana da Linha 1-Azul do Metrô, bairro de classe média da zona sul, e tirou fotos com máscaras de caveira e com gestos de saudação nazista.
De acordo com relatos, o encontro aconteceu no sábado (21), um dia após a onda de protestos contra a morte de João Alberto, cliente negro assassinado por dois seguranças brancos em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS), na quinta (19).
O grupo ostentava camisetas e uma bandeira com a simbologia do “White Pride World Wide”, extremistas que em abril de 2011 ajudaram na convocação de um ato cívico na avenida Paulista em apoio a Jair Bolsonaro, que na época era deputado estadual. Na ocasião, o parlamentar havia afirmado em um programa de televisão que seus filhos eram “bem educados” para não se casarem com pessoas negras.
A autora e professora do departamento de Psicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Lia Vainer Schucman citou a obra do sociólogo negro Alberto Guerreiro Ramos, da década de 1950, para comentar a reunião de supremacistas brancos no Brasil em 2020.
“O branco brasileiro quer ser reconhecido como branco pelos outros países”, afirma a especialista, que é autora do livro “Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na Cidade de São Paulo”.
No Brasil, a apologia ao nazismo é crime, desde 1989, e a pena pela propagação do nazismo por meio de símbolos, gestos e publicações é de até três anos de prisão. O grupo posou para fotos em cima de um viaduto, exibindo a faixa e usando sinalizadores de fumaça.
A agência Alma Preta contatou a Prefeitura de São Paulo e a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) para saber se a reunião de supremacistas brancos na cidade usando símbolos nazistas e colocando uma faixa na 23 de maio será investigada. Até a publicação deste texto, não houve nenhuma resposta.
A única manifestação de autoridades partiu do ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, o advogado criminalista Elizeu Lopes. À reportagem, ele afirmou que irá pedir uma apuração do ocorrido e acompanhar as investigações.