Cerca de 7 milhões de testes de covid guardados em Guarulhos podem parar no lixo
Estocados em um armazém do governo federal em Guarulhos, 6,86 milhões de testes do tipo RT-PCR, que servem para o diagnóstico do novo coronavírus, não foram distribuídos para a rede pública de saúde e podem acabar sendo descartados. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo e foi divulgada neste domingo (22).
O lote que está avaliado em R$ 290 milhões pode ir parar no lixo por conta da data de validade, que expira entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. A reportagem expôs dados alarmantes, pois o Brasil pode acabar jogando fora mais exames do que já realizou até hoje.
As informações dão conta de cinco milhões de testes deste tipo aplicados até o momento. No total, já foram investidos R$ 764,5 milhões.
Segundo o jornal, a responsabilidade pelo possível prejuízo virou um “jogo de empurra” entre o ministério da Saúde e estados e municípios porque a compra é feita pelo governo federal, mas a distribuição ocorre mediante demanda de governadores e prefeitos.
O Ministério da Saúde já distribuiu 8,7 milhões de unidades de testes aos estados brasileiros e exterior, parte delas não foram consumidas. Os dados sobre o prazo de validade dos testes estão registrados em documentos internos da Saúde, com compilação de dados até a última quinta-feira (19).
Relatórios acessados pela reportagem do Estadão mostram que 96% dos 7,15 milhões dos exames em estoque vencem em dezembro e janeiro. O restante, até março de 2021. O Ministério da Saúde já pediu ao fabricante uma análise para prorrogar a validade dos produtos.
Segundo afirma o Estadão, o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde) e o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) afirmam que o ministério o não entregou todos os kits de testes e máquinas para automatizar a análise das amostras que foram prometidos.
“O contrato que permitia o fornecimento de insumos e equipamentos necessários para automatizar e agilizar a primeira fase do processamento das amostras foi cancelado pelo Ministério da Saúde”, destacou o Conass.”Há o compromisso da pasta de manter o abastecimento durante o período de 3 meses, contados a partir do cancelamento. É fundamental, porém, que uma nova contratação seja feita e a distribuição dos insumos seja retomada em tempo hábil”, acrescentou.
“O que causa estranheza é esse estoque parado enquanto temos dificuldade de levar a coleta para a atenção básica”, disse o assessor técnico do Conasems, Alessandro Chagas.